Margem adicional dos 5%, mito ou realidade

20/05/2020

Muito se tem falado a respeito da margem dos 5%, o que tem causado uma certa histeria no mercado, muitas pessoas acreditam que os 5% pode ser sim uma bóia de salvação mediante a uma cenário de caos que estamos vivendo neste primeiro semestre.

O fato é que por enquanto esse adicional dos 5% subindo a margem consignável de empréstimo para 35% está longe de acontecer.

Apesar de alguns esforços por parte de políticos, empresas da categoria e apelo do consumidor a margem não teve apoio da maioria e permanece como um projeto a ser colocado em aprovação no definitivo.

Vale ressaltar que 10 em cada 10 economistas recomendam um comprometimento de 30% da sua renda com empréstimos, o que no setor já está superior levando em consideração a margem do cartão consignado que já pega mais 5% totalizando 35% de comprometimento de renda.

Para que você possa fazer seu julgamento a respeito dos impactos de uma adicional da sua renda de mais 5% é importante considerar alguns aspectos do cotidiano financeiro os quais queremos colocar em pauta para que possa fazer suas considerações com mais embasamento:

Capacidade de pagamento

Um ponto importante a ser considerado é a capacidade de pagamento e como ela pode ser afetada com um adicional de 5% na margem consignável.

Em média no Brasil as famílias gastam 70% da sua renda com alimentação, o setor já conta com 65% considerando os 5% do cartão o que já é uma exceção à regra, e desde a sua implementação instituições que trabalham com operações de empréstimo para negativado com débito na conta corrente vem crescendo absurdamente e fazendo parte do cotidiano dos aposentados e pensionistas e servidores públicos.

Não repudiamos este tipo de operação de crédito, só acreditamos que o aumento neste mesmo período é um indicador importante ao qual deve ser observado com carinho, afinal de contas os juros podem passar dos 20% ao mês, bem acima do consignado que é atualmente em 1,8% a.m.

Limitar a capacidade de pagamento é empurrar as pessoas para o acúmulo de dívidas uma vez que as contas não batem a procura por crédito aumenta e mais famílias contraem dívidas. Com a limitação de 30% acabam procurando instituições com taxas menos ortodoxas.

Endividamento

No final das contas está tudo interligado, o endividamento atual é maior de 80%, o que denota um alerta no setor, e pode comprometer todo o sistema financeiro quando a opção for optar pela sobrevivência e não precisa ser assim.

Diariamente nos deparamos com situações de extremo desespero, ao qual as pessoas buscam freneticamente empréstimos para cobrir outros empréstimos entrando assim na chamada ciranda financeira ou BOLA DE NEVE, o final desta história é desastrosa com consequências sócio econômicas que podem levar décadas a serem superadas.

Podemos afirmar que os esforços até aqui foram sempre levando a conta para você pagar o que está chegando a um alarmante fim com o colapso total de um sistema que no passado já teve consequências desastrosas e perigosas. Não precisamos chegar a este ponto não é verdade?

Austeridade

Qualquer aumento de margem irá gerar uma demanda grande em esforços das pessoas envolvidas, um ato que poderá mudar o modo de vida de milhões de pessoas.

Como esteio da casa os que atualmente recebem aposentadoria e pensão ou servidores públicos são o pilar financeiro das suas famílias, pois podem contar com os recursos de tais membros familiares, uma vez sua renda comprometida a capacidade de reação é menor mais lenta.

Educação e saúde, bem como moradia e alimentação são fundamentais para a construção de uma geração que pode levar o nosso país a um patamar de melhora econômica e social, uma vez comprometendo isso jogando todos os recursos possíveis nas mãos de instituições financeiras, os valores de sociedade são prejudicados.

Outros aspecto é que não à toa as instituições financeiras neste país detém um poder super humano, aos quais podem tudo e ninguém pode com eles, o que é estritamente perigoso em um cenário de desespero total ao qual caminhamos lentamente e agonizando.

Não podemos esquecer que o papel da instituição financeira é contribuir positivamente na sociedade e não dominar totalmente.

Vivenciei durante 20 anos os atos e postura de diversas instituições financeiras e posso garantir que a dependência é o pior caminho a ser tomado, não existe nada de glamuroso, ou bondade nestas instituições, apenas ganância e metas a serem batidas. Você não é uma meta, nem pode ser considerado como tal, lembre-se que para eles o que importa são números e não a sua família.

Esforços do setor

Com o crescimento do endividamento algumas vitórias foram conquistadas, a primeira delas foi a abertura de uma concorrência mais forte no setor de crédito, o que a anos atras era um game de meia dúzia de instituições agora virou uma verdadeira guerra de taxas e opções de crédito.

A concorrência fez com que as taxas caissem e a escassez de novos clientes levaram a possibilidade da portabilidade reduzindo as taxas de juros no mercado, o que tem sido bem positivo no setor apesar dos problemas e uso indevido em algumas situações.

Futuro

O cenário econômico aponta recessão mundial o que aponta uma procura ainda maior por crédito a curto, médio e longo prazo o que coloca quaisquer ações no setor sobre uma observação ainda maior e com muito mais cuidado, evitando assim os abusos que podem e irão acontecer com a categoria.

A questão aqui não é uma apologia ao crédito, longe disso, mas sim cuidado para não empurrar milhões de pessoas a um caos financeiro.

Entenda que na grande maioria dos casos as instituições financeiras não querem nem saber se você tem o que comer dentro da sua casa, só pensam em tomar uma fatia ainda maior do mercado.

Opções alternativas

Se você é público alvo do empréstimo consignado já deve ter sido abordado para fazer uma portabilidade com uma taxa de juros de 1% o que denota que este tipo de operação existe e que faz parte de uma tabela ao qual a instituições pode operar.

Considerando esse tipo de alternativa que já existe, porque não recondicionar todos os contratos a uma taxa de 1% ajustando assim sua parcela abrindo margem para novos empréstimos se for necessário? Não seria assim uma forma de ajuda?

Em média as taxas dos contratos em andamento estão entre 2,3% a 1,8%, considerando uma margem de 1.000,00 e uma margem de 300,00 uma redução de 0,9% significaria uma parcela de 234,00 o que de fato seria muito mais significativo e levaria essa conta para quem de fato não pagou a conta ainda “AS INSTITUIÇÕES FINANCEIRAS”.

O caminho mais fácil seria sim aumentar sua margem, mas quem estaria pagando essa conta? Você novamente? Isso é justo?

Consignado pode acabar

Estamos chegando a um patamar perigoso que pode acabar com o empréstimo consignado, uma vez que os excessos do setor não parem o colapso financeiro pode levar o produto ao seu agonizante fim e isso já aconteceu no passado quando a consignação na folha de pagamento era coisa de “GRÊMIOS RECREATIVOS”, os efeitos do colapso do passado levaram décadas para serem amenizadas e afetou gerações.

O cenário perfeito seria dividir as responsabilidades, o setor já amarga derrotas com alternativas de extensão de prazos o que aumenta em muito o endividamento das famílias, alternativas que já fizeram o consumidor a pagar a conta sozinho, agora não seria a hora das instituições financeiras cederem?

Conclusão

Sou só um soldado de um exército de um homem só, e infelizmente talvez estas palavras não chegam a quantidade de pessoas que seriam necessárias para mudar isso, mas como ficar calado a tamanha injustiça?

O amor ao setor e as pessoas que fizeram parte da minha história de vida fez acender uma chama que já estava apagando, talvez um último suspiro, uma ato de coragem em enfrentar os poderosos que tanto já tentaram me prejudicar em abrir por diversas vezes os olhos daqueles que mais precisavam ser avisados.

Batalhas intermináveis em derrotas terríveis, e uma enorme dificuldade em gravar vídeos por conta de uma baixa estima talvez me fizeram quase desistir, mas se o coração hoje fala mais alto e coloca todas as minhas limitações de lado, vou seguir lutando e apanhando diariamente, porque só me darei por vencido na última batalha e até lá, estarei aqui abrindo os seus olhos e colocando a público todas as canalhices do setor a tona.

Obrigado se você chegou até aqui…

Luiz Fernando Ribeiro Pereira

Autor do Portal Consignados

Há 17 anos no mercado de crédito, se especializou em empréstimo consignado, politicas de crédito, crédito consciente e Marketing Digital, co-fundador do portal consignados.com.br
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